segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

12- Um novo amigo

O mês de agosto já havia terminado.
No primeiro intervalo das aulas, a banda (ainda sem nome), eu e as meninas nos reuníamos. Sempre aparecia o tema ‘música’, mas não deixávamos de conversar sobre outras coisas, nada realmente importante, mas o suficiente para fazer com que eu gostasse cada vez mais de todos.




No segundo intervalo cada um tomava um rumo diferente. A Mariana ficava com o Luan e o Scott, e as brigas entre eles pareciam ter diminuído.



A Sally estava sempre com algum garoto, mesmo assim não namorava, nem ficava com nenhum. Também não diria que aquilo era algum tipo de amizade.



Caio e Vinícius pareciam ter se tornado grandes amigos, mesmo nesse curto tempo. Estavam sempre juntos socados na sala de informática jogando.



Talita e Ricardo além de gêmeos eram muito amigos e dificilmente os via distante um do outro. Estavam sempre com um grupo de roqueiros diferente.



Jack era o único que ficava sozinho durante o segundo intervalo. Depois de comer, ficava ouvindo música e vendo de longe o que Sally fazia.



O Derick sempre me fazia companhia. Depois de ter me revelado sobre a sua paixão, gostava de conversar sobre isso comigo. Não tinha interesse sobre a Melanie, mas nessas conversas eu podia conhecer mais sobre ele e isso sim me interessava.



Ele passou a me procurar durante as tardes, enquanto eu estava no clube. Era difícil encontrar tempo, porque muitos alunos procuravam por ajuda do clube, mas eu sempre reservava um tempo para ele e nossas conversas.



O toque de recolher da Casa Rosa era às dez, com meia hora de tolerância. Ficava com o Derick na casa secreta, era como chamávamos o prédio abandonado, enquanto ele escrevia e eu, de acordo com ele, o ajudava. Chegava para dormir quase no limite do tempo de tolerância.



Ele tinha um coração tão bom e nunca tinha algo de ruim para falar sobre alguém... Não de graça. Imaginava o tipo de pessoa que seria tão ruim ao ponto de deixar uma má impressão dessas no Derick, não gostaria de esbarrar em alguém assim.



Eu não era do tipo de pessoa que contava nem para amigos sobre muitos dos meus sentimentos, muita coisa eu guardava apenas para mim. Isso fazia com que muitos pensassem que eu era uma pessoa fria... Mas isso era tudo o que eu jamais fui. Não fazia grandes demonstrações de afeto, não abria o meu coração para muita gente e era reservada.



Mas ninguém poderia imaginar a grandeza de sentimentos que eu trazia comigo. Nunca achei que amar fosse gritar para o mundo todo ouvir ‘te amo’, acreditava que as atitudes simples valiam muito mais e era assim que eu agia.



A Sally era uma amiga de infância e apesar disso, já tinha cansado de me chamar de fria e insensível. Eu não pensava mal dela por isso, ela nunca falou para me ofender, apenas não conseguia me entender. Mas também não a entendia.



Não entendia como ela era capaz de se apaixonar tão rapidamente e por tão pouco tempo. Num dia estava chorando por um, no outro já tinha uma nova paixão e começava novamente com as suas loucuras para conseguir conquistar o rapaz.



Eu sempre fui apaixonada apenas pelo André e nunca fiz nada de extraordinário para demonstrar isso. Ele precisava de uma amiga, eu estava lá. Ele precisava de carinho, eu estava lá. Ele precisava de espaço, eu dava. Ele precisava de ajuda, eu ajudava... Isso que era amor, para mim.



E era apenas isso que eu considerava como amor até ter sido traída. Sabia que o erro tinha sido dele, mas isso não ajudava muito. Por que ele me traiu? Por que disse que me amava se não era isso o que sentia? Eram perguntas que não ousaria fazer, mas que não me deixavam em paz.



A Mariana era mais parecida comigo. Por isso me entendia e apoiava em silêncio. Eu estive lá ao seu lado, enquanto ela tentava parecer não estar completamente apaixonada pelo Scott, enquanto ela se sentia culpada por não resistir a cada beijo dele, enquanto tentava se afastar de tudo isso e apenas aumentava a sua culpa por não conseguir se apaixonar pelo Luan.



Ela nunca precisou me dizer o que sentia, como também evitei perguntar, mas eu podia ver. Não poderia julgá-la mal, porque a conhecia e sabia que ela já fazia isso a si mesma incansavelmente. Queria que ela pudesse dar logo um fim nisso tudo, ficar com ele ou se afastar de vez, mas parece que estar apaixonada a deixou sem a sua típica clareza de pensamento.



Não contei para as duas sobre o que estava sentindo pelo Derick. Não por falta de confiança nelas, mas porque era mais uma daquelas coisas que eu gostava de manter apenas comigo.



Na verdade, dizer que eu conversava muito com o Derick seria um equívoco, porque não falávamos tanto. As palavras eram poucas, mas mesmo assim eu sentia como se o conhecesse muito bem e ele reagia como se pensasse o mesmo sobre mim. Eu sempre achava mágico aquele tempo em que passávamos calados, porque ali muito mais era dito.



Era noite do dia três de setembro, quarta-feira. Estava com o Derick no andar de cima da casa secreta. Fiquei observando o movimento que o vento provocava em seus cabelos, enquanto ele escrevia sem parar.



“Acho que acabei de escrever uma nova canção...”, Derick.
“Sério?! Lê pra mim...”, pedi curiosa.



“Claro...”, desviou o seu olhar para o céu estrelado antes de começar a leitura.


“Ao seu lado sou mais do que feliz e o meu fardo é não poder ter você perto de mim. O meu maior sonho é para sempre te confessar, que não sou capaz de deixar de te amar. As lágrimas insistem em descer, precisei ir embora. Meu coração agora só chora. Gostaria de mais uma vez te ver. A minha dor é saber que um dia me esquecerá.”.



“Amo e não posso estar contigo. Imagino que é tudo um castigo por tantos erros que cometi. Peço perdão, por antes não ter contado que você acelera o meu coração, que é a minha amada. Poder ter você no meu coração é um presente que jamais teria como agradecer.”, lágrimas escorriam pelo seu rosto ao terminar de ler.

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