domingo, 7 de fevereiro de 2010

14- Improvisos

Só tínhamos o mês de setembro e um pouco do próximo para estarmos prontos para a feira de ciências e cultural que aconteceria na terceira semana de outubro. A banda de rock da Talita estrearia nessa feira. O clube ‘SOS Amor!’, não iria se apresentar.



Eu e as meninas resolvemos fazer outra apresentação. A Mariana se uniu ao grupo de literatura e declamaria uma poesia. Eu e a Sally ficamos numa peça teatral. A Sally como atriz e eu cuidando do figurino. Ainda não sabíamos o que fazer para a parte de ciências da feira.



Assim que cheguei ao pátio, vi a Sally conversando com alguns alunos integrantes da nossa peça teatral.



Voltei para o interior do colégio e juntei-me aos meus colegas. Todos mantinham conversas paralelas.



“Então quer dizer que você, o Luan e o Scott se tornaram grandes amigos, é?”, perguntei para a Mariana.
“Hum... Até que o Scott não é tão idiota quanto eu sempre julguei. Ele só é muito bobo... E teimoso... E faz de tudo pra me irritar.”, não havia sarcasmo em sua voz.



“Mas por esses dias ele te sido até agradável. Queria saber o que aconteceu pra ele ficar assim. O Luan gosta muito dele e diz até que o Scott só fica briguento comigo... Agora a culpa é minha. Vê se pode!”, concluiu num misto de emoções.



“Estou quase convencida de que dessa vez o Scott mudou de verdade...”, aproveitei o momento e perguntei, “Você gosta mesmo dele, né?!”.
Ela ficou com o olhar vago por um instante e quando a resposta chegou mais parecia que pensava alto, “Se ao menos a gente não brigasse tanto...”.



Depois de poucos segundos sem expressão, lançou-me um sorriso singelo, mas bem espontâneo. Gostaria de saber o que tinha se passado em sua mente.



Assim que terminou o primeiro intervalo, fui para a sala de aula e a Sally me parou na porta.
“Rá! Diz aí quem é a amiga mais maravilhosa do mundo!”, ela não me deu tempo de responder com alguma brincadeira, “Sim, sou eu!”.



“A Fernanda, a menina que tá organizando a peça, já tem o projeto pra feira de ciências, mas ainda não tinha ninguém para fazer com ela... Então, ela é chata e consegue falar ainda mais do que eu...”, o pior é que era verdade.



“Mas é muito responsável e organizada. Por sorte ela gosta de mim, me chamou pra fazer com ela e ainda me perguntou se eu não conhecia outras pessoas responsáveis pra completar o grupo. Por fim, o grupo é ela, eu, você, a Mari, o Jack, o Rick, a Tali e mais uns dois que ela vai arrumar.”.



“Por que não colocou o Derick também?”.
“Porque ela só quer gente do primeiro ano... Eu até insisti, mas ela não gostou muito e eu achei melhor não abusar da sorte. Agora só precisamos encontrar um pra ele... Aff! Agora que lembrei... Ainda tem mais o Caio e o Vinícius.



“Não tô com um pingo de vontade de fazer esse trabalho com o Vinícius. Se o Caio não fosse tão grudado nele... Bem, eles que se virem então.”, não era responsabilidade dela e mesmo assim ela falava como se fosse...



“Vou ver se o Ítalo não tá em algum, se tiver, vejo se não pode colocá-los. O loirinho que ainda não sei... O Luan! Ele é responsável e gente boa. Tomare que queira fazer com o meu priminho.”, não parava mais de falar.



“Bora logo entrar. A professora já ta chegando.”.
“Tá bom. Não me deixa esquecer de falar com o Luan no intervalo.”.



Nem precisei lembrar, foi a primeira coisa que ela foi fazer. O Scott, a Mariana, o Luan e a Luíza (uma das novas líderes de torcida), estavam se reunindo numa das mesinhas do pátio.



Scott e Sally já trocaram apelidos nada carinhosos assim que se viram. A Sally puxou o Luan pra um canto e a Mariana seguiu.



Assim que vi a troca de carinhos entre o Scott e a Luíza, concluí o óbvio: era uma nova ficante dele. Lamentei pela Mariana. Por que era tão difícil que fossem gentis um com o outro? Não entendia.



Eu achava engraçado aquele cuidado que a Sally tinha com todos nós. Claro que era mútuo, mas ela era, a maior parte do tempo, distraída e despreocupada. Nunca conhecia alguém tão contrário a si mesmo como ela.



Derick apareceu.
“Oi!”.
“Tudo bem?”.
“Já escrevi a carta. Não consegui dormir até terminar.”.
“Vai enviá-la hoje?”.



“Antes eu gostaria que você lesse... Não sei se ficou boa.”.
“Claro.”.
“Não tô com ela aqui. Te dou à tarde.”.



“Já mostrou o que escreveu ontem à Talita?”.
“Também vou deixar pra tarde...”.



Na última aula o professor de química não pode comparecer, apenas nos disseram que por motivos pessoais. Quem o substituiu foi o diretor Ferreira.



Sally ficou tensa durante toda a aula, ninguém podia nem tentar falar com ela, porque ela ignorava. O Ferreira sempre gostou muito da Sally, via nela uma boa garota e com isso ela conseguia muitas coisas que queria.



Na verdade, não só o diretor, como todos os funcionários do colégio. Sempre quis saber o que ela fazia para conseguir isso, mas nem ela sabia a resposta.



Imaginei que todo aquele seu desconforto durante a aula fosse para não manchar, de alguma forma, a sua boa imagem.

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