“Vou agora mesmo ver essas coisas. Tenho que falar com o Bruno, com a Fernanda... E tô sentindo que tô esquecendo alguma coisa... Bem, acho que não tem problema se eu der uma saídinha, né?! Não tem ninguém pra ajudar mesmo...”, Sally.
“Vai logo, Sally.”.
“É, ninguém te quer aqui não.”, Mariana conseguia ser sempre a mais implicante.
Depois que a Sally saiu a Mariana resolveu usar a internet. Eu quis ver como estava o ensaio da banda, que ficava na sala ao lado. Sem a Sally com o seu jeito extrovertido, senti-me um tanto intrometida ao entrar na sala deles.
Logo reconheci a música que ensaiavam... Era a mais recente do Derick.
Quando ele me viu, veio em minha direção.
“Yasmin... Eles andam cada vez mais inspirados. Não é que já arrumaram uma melodia pra letra que fiz?!”, Derick.
“Ficou linda...”, estava mesmo impressionada.
“Eu fiquei tão entrertido aqui que esqueci de te dar a carta... Pode ler agora?”.
“Posso sim.”.
“Então vamos até lá fora, que aqui fica impossível.”.
Fomos até o jardim do prédio. Ele tirou um rascunho do bolso e me entregou. Eram folhas de papel com algumas das canções que ele compôs. Apenas uma frase que não era, ‘Melanie, escrevi todas essas canções pensando em você... ’, simples e romântico. Ele mal parecia real de tão adorável.
Devolvi as suas folhas antes de comentar, “Ficou ótimo. Só precisa entregar pra ela.”.
Ele respirou fundo, “Amanhã faço isso... Depois de passar a limpo. Mas você não acha que tô parecendo um bobo mandando uma carta dessas? Ainda mais hoje que todos usam e-mails...”.
Sorri, “Claro que não. Ela vai adorar.”.
“Quer comer alguma coisa comigo? Podemos ir numa sorveteria aqui perto.”.
“Se não for te atrapalhar, eu aceito.”.
Tomamos sorvete onde costumávamos frequentar com todos juntos, após as tardes no clube.
“Acho muito legal o que faz com as suas amigas no clube. Poucas pessoas ainda pensam em ajudar o próximo...”, Derick.
“Pena que a maioria nos procura apenas pra ficar com alguém... Agora tem uns montando uma listinha e vem nos procurar pra ajudar. Isso que irrita. Quando é assim, nem ajudamos. Nem todos tem um sentimento sincero como o seu.”.
“Mas e você, Yasmin? Quem te ajuda?”, a pergunta que sabia que chegaria mais cedo ou mais tarde.
“Por hora, prefiro assim... Agora só ajudo os outros.”.
Ele ficou me olhando por algum tempo, sem falar nada. Não conseguia encarar os seus olhos, mas adorava ver como o vento brincava com os seus cabelos.
“A Sally me contou sobre o André... Desculpa, sei que não deveria perguntar pra ela, mas não fazia ideia do que tinha acontecido... Você tem me ajudado tanto, queria poder te ajudar também, Yasmin...”.
“Tudo bem. Mas acho que nisso ninguém pode me ajudar, Derick. Já estou bem, não me importo mais com isso.”, menti, porque não queria falar sobre aquilo. Já não conseguia mais pensar no André e na Raquel sem que sentisse dor.
Ele ficou olhando fixamente os meus olhos novamente, não comentou, mas eu pude notar que ele conseguiu encontrar a verdade neles... Fiquei imaginando se estava tão perceptível assim o mal que aquele assunto me causava, porque a expressão do Derick pesou antes que ele desviasse seus olhos de mim.
Depois de pouco tempo, comentou, “Adoro o colorido que o cair da tarde causa... Olha como tudo parece ficar mais bonito...”, ele admirava as coisas ao redor.
Eu mantive o meu olhar preso nele e passamos mais um daqueles momentos, que eu apreciava, em silêncio.
Preferi passar aquela noite sozinha, em meu quarto. Sentia falta do tempo em que ficava simplesmente sem fazer nada um pouco antes de dormir. Repensando em tudo o que tinha acontecido no dia.
Naquela noite, pensei no que sentia pelo o Derick. Não doía gostar dele. Mesmo sabendo que ele e a Melanie, muito provavelmente, estariam logo namorando, não conseguia ficar magoada com aquilo... Um pouco de inveja, por não ter a sorte dela, mas só. Gostava de me sentir assim... Pensar no Derick me deixava sentindo uma paz interior que apenas em raros momentos já havia sentido e em nenhuma vez foi tão agradável. Dormi ainda sentindo o meu coração acelerado, foi bom poder sorrir com aquela sensação.
No dia seguinte, sexta-feira. Sally confirmou que podíamos deixar o ‘SOS Amor!’ fechado por aquele período. Ela trocou as costumeiras companhias do segundo intervalo para ficar com o Jack, eu a conhecia e me perguntava até quando ela conseguiria manter as coisas assim...
Durante a tarde recebi o texto da peça e fiquei lendo, não gostava, mas até para cuidar do figurino era preciso ler a peça toda. A Sally adorava aquilo tudo, ainda mais quando a Fernanda disse que ela seria a mocinha da peça. O Ítalo também participava, mas não era o seu par romântico. O Ernani seria, mas também era um de seus amigos, então...
A Mariana só estava preocupada em ter que se apresentar na frente de tanta gente. Sempre adiantada, já tinha todo o poema decorado e ensaiado. Para ela, estava longe de estar bom.
Derick não colocou a carta no correio. Não saberia dizer se foi por estar mesmo ocupado ou por falta de coragem.
segunda-feira, 1 de março de 2010
15- Que os mudos falem
Durante o almoço a Mariana resolveu desabafar.
“Ele já tá namorando outra, Min.”.
“O Scott?”.
“É mesmo. Ficou se exibindo com ela pra gente.”, Sally então começou a imitar o Scott falando, “Essa é a minha namorada Luíza cara de merda.”, nos fez rir.
“Não entendo esse garoto! Por isso não posso levá-lo a sério, não tem como! Vivia dizendo que me amava e logo soube que era uma brincadeira idiota com os amigos. Depois, novamente, mas lá estava ele se agarrando com aquelazinha. Agora que eu estava solteira e ele também... Aff! Já foi se enroscar com outra! Que ódio!”, a Mariana sempre falava alto quando irritada.
“Oh my God! Você tá louca, caídinha, de quatro por aquele traste. Nós é friend! Podemos te ajudar, apesar de tudo...”, Sally fazia caras e bocas.
“Ah, gente... Melhor esquecerem o que eu disse. Não sei por que ainda sinto alguma coisa por ele. Só, por favor, finjam que nunca falamos sobre isso.”.
“Mari, eu sei como você é... Discreta ao infinito. Sabe muito bem que segredo de amiga é sagrado pra mim... Pra quem eu contaria?!”, Sally.
“Sei lá... Ah, Sally, não é só por isso...”, Mariana.
“Mas por isso também... Obrigada pela parte que me toca. Qual é o outro problema?”, Sally. Eu apenas ouvia a conversa.
“Não quero ajuda...”, Mariana não era a única assim. Nós três tínhamos isso em comum, não querer ajuda quando o assunto era amor.
“Hum... Já entendi. Vou respeitar a sua vontade. Bora logo pro clube, né! Só deixa eu escovar os dentes e... Vocês vão levar bolsa? Se forem, podem levar o meu estojinho com vocês? Bolsas me irritam...”, Sally.
“Que abuso! Coloca na da Min. Ela é a mais folgada mesmo...”, a Mariana implicou comigo, provavelmente, notando o meu silêncio durante a conversa.
“Rá! Leva na mão!”.
“Nossa, que amigas fui arrumar... Não vou levar merda nenhuma então. E vocês que me aguardem... Suas ruins!”, Sally e seus biquinhos...
“Me dá logo isso.”, claro que era só uma brincadeira negar levar o estojo dela.
“Não quero mais também. Tenho orgulho, com licença.”, todas nós tínhamos...
Com todos preocupados com a feira que teria em outubro, a procura pelo nosso clube havia diminuído. Chegávamos à sala do clube às quatorze horas, aproximadamente, de segunda à sexta. Já havia se passado uma hora e não havia aparecido ninguém, o que nunca acontecia. Nós três conversávamos sobre isso quando alguém bateu na porta.
“Aê! Uma alma vivente!”, Sally comemorou enquanto foi abrir a porta.
Era o Jack.
“Oi, meninas...”, a voz dele era um tanto grave e, mesmo usando um tom de voz baixo, prendia a atenção.
“Taylorzinho! Não me diga que fisgaram o seu coração!”, Sally brincou.
“Ah, não... É só que mal nos falamos desde que voltamos das férias. Queria saber se tem algum plano pra hoje à noite. A gente podia dar uma volta e conversar...”, Jack falava com a Sally.
“Ah, Jack, mil perdões! Sou uma péssima amiga. Eu sou tão desligada! Isso não vai mais acontecer, ok? Afinal, o que seria de você sem a sua amiga mala colada em você?”, Sally tinha uma mania de empurrar o dedo na covinha do queixo do Jack.
“Então tudo bem hoje à noite?!”.
“Tá ocupado agora? Aqui tá um tédio...”.
“Eu bem que gostaria de sair logo agora, mas com a feira tão em cima estamos ensaiando feito loucos. Só esse tempinho aqui vai me custar alguns puxões de orelha da Tali e, se brincar, do restante.”.
“Poxa... Tadinho do meu amigo. Mas é assim mesmo que tem que ser. A gente se vê mais tarde... Agora volta logo, não quero ser culpada da sua morte.”, ela montou no pescoço dele , “Bom ensaio!”.
Jack apenas sorriu como resposta e deu tchau para a Mariana e para mim, antes de sair.
Assim que a porta se fechou com a saída do Jack, Sally nos encarou, seriamente cômica, como apenas ela sabia ser, “Ok, estão todos levando à sério a feira, precisamos nos movimentar. Não somos obrigadas a ter atividade de clube todos os dias... Podemos abrir só um dia da semana até que a feira passe. Assim nos preparamos pra feira também. Sabe, não quero passar vergonha...”, Sally.
“Ótima ideia, Lilly. Já deu de ajudar esse povo ingrato por hora.”, Mariana.
“É mesmo uma boa ideia... Não tem ninguém pra ajudar e temos muita coisa pra fazer.”.
“Amém que por algum milagre gostaram da minha ideia. Porque agora tive uma ainda melhor... Sabe, nós precisamos ter no mínimo cinco horas de atividade no clube por semana pra passarmos... Mas não tem que ser num clube só, nem precisa exatamente ser no nosso... A gente não precisa abrir o clube nem por um dia pra ficar sem fazer nada aqui. Podemos marcar a nossa chamada na sala dos clubes que vamos nos unir pra participar da feira... Que tal?”, Sally.
“Milagre é você com essas ideias responsáveis... Eu assino em baixo. Se a Min não gostar, deixa ela aqui sozinha.”, a Mariana riu.
“Vê com o diretor ou até mesmo com o Bruno se isso pode mesmo, Li... Se puder, já está feito.”.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
14- Improvisos
Só tínhamos o mês de setembro e um pouco do próximo para estarmos prontos para a feira de ciências e cultural que aconteceria na terceira semana de outubro. A banda de rock da Talita estrearia nessa feira. O clube ‘SOS Amor!’, não iria se apresentar.
Eu e as meninas resolvemos fazer outra apresentação. A Mariana se uniu ao grupo de literatura e declamaria uma poesia. Eu e a Sally ficamos numa peça teatral. A Sally como atriz e eu cuidando do figurino. Ainda não sabíamos o que fazer para a parte de ciências da feira.
Assim que cheguei ao pátio, vi a Sally conversando com alguns alunos integrantes da nossa peça teatral.
Voltei para o interior do colégio e juntei-me aos meus colegas. Todos mantinham conversas paralelas.
“Então quer dizer que você, o Luan e o Scott se tornaram grandes amigos, é?”, perguntei para a Mariana.
“Hum... Até que o Scott não é tão idiota quanto eu sempre julguei. Ele só é muito bobo... E teimoso... E faz de tudo pra me irritar.”, não havia sarcasmo em sua voz.
“Mas por esses dias ele te sido até agradável. Queria saber o que aconteceu pra ele ficar assim. O Luan gosta muito dele e diz até que o Scott só fica briguento comigo... Agora a culpa é minha. Vê se pode!”, concluiu num misto de emoções.
“Estou quase convencida de que dessa vez o Scott mudou de verdade...”, aproveitei o momento e perguntei, “Você gosta mesmo dele, né?!”.
Ela ficou com o olhar vago por um instante e quando a resposta chegou mais parecia que pensava alto, “Se ao menos a gente não brigasse tanto...”.
Depois de poucos segundos sem expressão, lançou-me um sorriso singelo, mas bem espontâneo. Gostaria de saber o que tinha se passado em sua mente.
Assim que terminou o primeiro intervalo, fui para a sala de aula e a Sally me parou na porta.
“Rá! Diz aí quem é a amiga mais maravilhosa do mundo!”, ela não me deu tempo de responder com alguma brincadeira, “Sim, sou eu!”.
“A Fernanda, a menina que tá organizando a peça, já tem o projeto pra feira de ciências, mas ainda não tinha ninguém para fazer com ela... Então, ela é chata e consegue falar ainda mais do que eu...”, o pior é que era verdade.
“Mas é muito responsável e organizada. Por sorte ela gosta de mim, me chamou pra fazer com ela e ainda me perguntou se eu não conhecia outras pessoas responsáveis pra completar o grupo. Por fim, o grupo é ela, eu, você, a Mari, o Jack, o Rick, a Tali e mais uns dois que ela vai arrumar.”.
“Por que não colocou o Derick também?”.
“Porque ela só quer gente do primeiro ano... Eu até insisti, mas ela não gostou muito e eu achei melhor não abusar da sorte. Agora só precisamos encontrar um pra ele... Aff! Agora que lembrei... Ainda tem mais o Caio e o Vinícius.
“Não tô com um pingo de vontade de fazer esse trabalho com o Vinícius. Se o Caio não fosse tão grudado nele... Bem, eles que se virem então.”, não era responsabilidade dela e mesmo assim ela falava como se fosse...
“Vou ver se o Ítalo não tá em algum, se tiver, vejo se não pode colocá-los. O loirinho que ainda não sei... O Luan! Ele é responsável e gente boa. Tomare que queira fazer com o meu priminho.”, não parava mais de falar.
“Bora logo entrar. A professora já ta chegando.”.
“Tá bom. Não me deixa esquecer de falar com o Luan no intervalo.”.
Nem precisei lembrar, foi a primeira coisa que ela foi fazer. O Scott, a Mariana, o Luan e a Luíza (uma das novas líderes de torcida), estavam se reunindo numa das mesinhas do pátio.
Scott e Sally já trocaram apelidos nada carinhosos assim que se viram. A Sally puxou o Luan pra um canto e a Mariana seguiu.
Assim que vi a troca de carinhos entre o Scott e a Luíza, concluí o óbvio: era uma nova ficante dele. Lamentei pela Mariana. Por que era tão difícil que fossem gentis um com o outro? Não entendia.
Eu achava engraçado aquele cuidado que a Sally tinha com todos nós. Claro que era mútuo, mas ela era, a maior parte do tempo, distraída e despreocupada. Nunca conhecia alguém tão contrário a si mesmo como ela.
Derick apareceu.
“Oi!”.
“Tudo bem?”.
“Já escrevi a carta. Não consegui dormir até terminar.”.
“Vai enviá-la hoje?”.
“Antes eu gostaria que você lesse... Não sei se ficou boa.”.
“Claro.”.
“Não tô com ela aqui. Te dou à tarde.”.
“Já mostrou o que escreveu ontem à Talita?”.
“Também vou deixar pra tarde...”.
Na última aula o professor de química não pode comparecer, apenas nos disseram que por motivos pessoais. Quem o substituiu foi o diretor Ferreira.
Sally ficou tensa durante toda a aula, ninguém podia nem tentar falar com ela, porque ela ignorava. O Ferreira sempre gostou muito da Sally, via nela uma boa garota e com isso ela conseguia muitas coisas que queria.
Na verdade, não só o diretor, como todos os funcionários do colégio. Sempre quis saber o que ela fazia para conseguir isso, mas nem ela sabia a resposta.
Imaginei que todo aquele seu desconforto durante a aula fosse para não manchar, de alguma forma, a sua boa imagem.
Eu e as meninas resolvemos fazer outra apresentação. A Mariana se uniu ao grupo de literatura e declamaria uma poesia. Eu e a Sally ficamos numa peça teatral. A Sally como atriz e eu cuidando do figurino. Ainda não sabíamos o que fazer para a parte de ciências da feira.
Assim que cheguei ao pátio, vi a Sally conversando com alguns alunos integrantes da nossa peça teatral.
Voltei para o interior do colégio e juntei-me aos meus colegas. Todos mantinham conversas paralelas.
“Então quer dizer que você, o Luan e o Scott se tornaram grandes amigos, é?”, perguntei para a Mariana.
“Hum... Até que o Scott não é tão idiota quanto eu sempre julguei. Ele só é muito bobo... E teimoso... E faz de tudo pra me irritar.”, não havia sarcasmo em sua voz.
“Mas por esses dias ele te sido até agradável. Queria saber o que aconteceu pra ele ficar assim. O Luan gosta muito dele e diz até que o Scott só fica briguento comigo... Agora a culpa é minha. Vê se pode!”, concluiu num misto de emoções.
“Estou quase convencida de que dessa vez o Scott mudou de verdade...”, aproveitei o momento e perguntei, “Você gosta mesmo dele, né?!”.
Ela ficou com o olhar vago por um instante e quando a resposta chegou mais parecia que pensava alto, “Se ao menos a gente não brigasse tanto...”.
Depois de poucos segundos sem expressão, lançou-me um sorriso singelo, mas bem espontâneo. Gostaria de saber o que tinha se passado em sua mente.
Assim que terminou o primeiro intervalo, fui para a sala de aula e a Sally me parou na porta.
“Rá! Diz aí quem é a amiga mais maravilhosa do mundo!”, ela não me deu tempo de responder com alguma brincadeira, “Sim, sou eu!”.
“A Fernanda, a menina que tá organizando a peça, já tem o projeto pra feira de ciências, mas ainda não tinha ninguém para fazer com ela... Então, ela é chata e consegue falar ainda mais do que eu...”, o pior é que era verdade.
“Mas é muito responsável e organizada. Por sorte ela gosta de mim, me chamou pra fazer com ela e ainda me perguntou se eu não conhecia outras pessoas responsáveis pra completar o grupo. Por fim, o grupo é ela, eu, você, a Mari, o Jack, o Rick, a Tali e mais uns dois que ela vai arrumar.”.
“Por que não colocou o Derick também?”.
“Porque ela só quer gente do primeiro ano... Eu até insisti, mas ela não gostou muito e eu achei melhor não abusar da sorte. Agora só precisamos encontrar um pra ele... Aff! Agora que lembrei... Ainda tem mais o Caio e o Vinícius.
“Não tô com um pingo de vontade de fazer esse trabalho com o Vinícius. Se o Caio não fosse tão grudado nele... Bem, eles que se virem então.”, não era responsabilidade dela e mesmo assim ela falava como se fosse...
“Vou ver se o Ítalo não tá em algum, se tiver, vejo se não pode colocá-los. O loirinho que ainda não sei... O Luan! Ele é responsável e gente boa. Tomare que queira fazer com o meu priminho.”, não parava mais de falar.
“Bora logo entrar. A professora já ta chegando.”.
“Tá bom. Não me deixa esquecer de falar com o Luan no intervalo.”.
Nem precisei lembrar, foi a primeira coisa que ela foi fazer. O Scott, a Mariana, o Luan e a Luíza (uma das novas líderes de torcida), estavam se reunindo numa das mesinhas do pátio.
Scott e Sally já trocaram apelidos nada carinhosos assim que se viram. A Sally puxou o Luan pra um canto e a Mariana seguiu.
Assim que vi a troca de carinhos entre o Scott e a Luíza, concluí o óbvio: era uma nova ficante dele. Lamentei pela Mariana. Por que era tão difícil que fossem gentis um com o outro? Não entendia.
Eu achava engraçado aquele cuidado que a Sally tinha com todos nós. Claro que era mútuo, mas ela era, a maior parte do tempo, distraída e despreocupada. Nunca conhecia alguém tão contrário a si mesmo como ela.
Derick apareceu.
“Oi!”.
“Tudo bem?”.
“Já escrevi a carta. Não consegui dormir até terminar.”.
“Vai enviá-la hoje?”.
“Antes eu gostaria que você lesse... Não sei se ficou boa.”.
“Claro.”.
“Não tô com ela aqui. Te dou à tarde.”.
“Já mostrou o que escreveu ontem à Talita?”.
“Também vou deixar pra tarde...”.
Na última aula o professor de química não pode comparecer, apenas nos disseram que por motivos pessoais. Quem o substituiu foi o diretor Ferreira.
Sally ficou tensa durante toda a aula, ninguém podia nem tentar falar com ela, porque ela ignorava. O Ferreira sempre gostou muito da Sally, via nela uma boa garota e com isso ela conseguia muitas coisas que queria.
Na verdade, não só o diretor, como todos os funcionários do colégio. Sempre quis saber o que ela fazia para conseguir isso, mas nem ela sabia a resposta.
Imaginei que todo aquele seu desconforto durante a aula fosse para não manchar, de alguma forma, a sua boa imagem.
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