sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

7- Um pouco de música

“De alguma forma eu acredito em você. Nem é nenhum grande segredo. Eu apenas gosto de ter aquele lugar só pra mim, sabe?! Na primeira noite em que vim pra essa cidade eu conheci aquele prédio. Estava passando por um tempo difícil pra escrever, mas assim que coloquei os meus pés lá... A minha mente fica tão clara e é tão inspirador... Odiaria perder isso.”.


“Você escreve?!”.
“É o que mais amo fazer na vida. Já chegou a ouvir a Talita cantando?”.


“Você precisa. Sei que ela é minha irmã e que isso me torna suspeito, mas... É tão mágico ouvir as minhas palavras cantadas por ela!”, cada palavra carregada por um olhar cheio de carinho.


“Ah, você que escreve as músicas pra sua irmã?”.
“Não todas, mas posso dizer que a maioria. Gosta de rock?”.
“Gosto...”, não era nenhuma grande fã.


“Melhor eu te deixar em paz agora. Não parei de falar desde que cheguei.”, enquanto se levantava.


“Ah, não.”, mais uma vez usei mais emoção do que gostaria, “Eu gosto...”, a emenda não ajudou. Tive como resposta um sorriso envergonhado que me cativou ainda mais.


“Ah, eu também tenho que ir... Lembrei de algo que preciso fazer... Foi bom conversar com você... Tchau...”, não sabia mais onde esconder a cara e saí às pressas com essa desculpa horrível.


Ainda não havia tocado o sinal, mas resolvi esperar do lado da porta da sala de aula. Fiquei ali em pé sozinha por uns cinco minutos, tentando lembrar com qual pé tinha pisado primeiramente no chão ao acordar naquele dia.


Quando o sinal tocou a Sally apareceu com cara de desculpas...
“Amiga, a Mari disse que você devia ta com raiva de mim... Me desculpa. Não fiz por mal. Você sabe que falo brincando... É que eu ando tão feliz e vocês sabem muito bem como eu perco ainda mais a noção quando to assim... Desculpa mesmo”.


“Não fiquei chateada. Só com vergonha...”.
“Desculpa, nem... Mas não esquenta que, mais do que você e a Mari, aquele povo me conhece muito bem, sabem que gosto de chatear e nem levam a sério.”.


“Sem problemas.”.
“Mas, Mimi... Você tá...”, se arrependeu e não terminou a frase.


“Tô o que?”.
“Hum, hum. Nada não. Sou doida, lembra?” e entrou na sala.


Antes de entrar, eu pude ver que o Scott e o Luan eram da mesma sala, entraram até conversando... Só faltava se tornarem amiguinhos. Fiquei imaginando a cara que a Mariana faria ao saber disso; ri sozinha.


Tivemos duas aulas de matemática com o professor Apolinário, se ele tinha algo de feio, eu poderia dizer que apenas o nome; o chamávamos de Apolo.


Nessa aula a Mariana não precisou fazer nenhuma cara feia, já que a Sally fez questão de mostrar que era uma boa aluna para o professor... Claras intenções.


O segundo intervalo me surpreendeu. A Mariana quis fazer companhia ao Luan e não levou dois minutos para que o Scott aparecesse. Pra variar, a Mariana e o Scott discutiram bastante, fiquei com dó do Luan.


A Sally foi fazer companhia ao Ítalo, mas quando fui conferir, vi tudo, menos o Ítalo com ela... Estava com o Raffael.


O Derick não apareceu. Os gêmeos e o Jack foram avisar aos alunos sobre o teste que dariam para a banda.


Eu fiquei comendo sozinha, enquanto pensava nas minhas grandes amigas que não se lembraram de me fazer companhia.


Ao término das aulas, fomos para a Casa Rosa tomar banho e almoçar.


Antes de irmos ao Prédio dos Clubes pegamos algumas de nossas coisas na minha casa e deixamos onde passaria a ser a nossa casa.


A minha intenção era de iniciar as atividades do clube naquele dia, mas a Sally me perturbou o suficiente para conseguir assistir aos testes da banda dos primos; não poderia negar que a minha curiosidade também ajudou.


Não foram tantos candidatos como eles haviam esperado, mas os que foram eram bons.


Talita não gostou de nenhum. Disse que estava procurando alguém especial, alguém que estivesse em sintonia com a banda, que demonstrasse paixão pelo que faz e que apesar de terem tidos bons testes, nenhum teve o que ela mais queria.


Derick esteve lá, durante os testes, mas não nos falamos.


Ao final da tarde, quando já estava perto do nosso horário de saída e todos os garotos atacavam alguns doces, a Talita pegou o microfone.


“Posso dizer que apenas duas aqui nessa sala ainda não me ouviram cantar... Então, essa vai para vocês.”, se referia a Mariana e a mim.


“Você diz as frases que estou cansada de ouvir. Diz que me ama e que nada seria sem mim...”, começou a cantar. Tinha uma voz roca linda. Foi incrível ver a forma como ela se entregava ao cantar, mesmo sendo apenas para aquele pequeno grupo conhecido.



Fiquei imaginando como seria com a banda completa e me perguntei se não teria sido aquela uma das músicas que o Derick escreveu...

Nenhum comentário:

Postar um comentário