domingo, 27 de dezembro de 2009

9- Quem quer macarronada?

As duas primeiras semanas de aula passaram apressadamente.
A Talita encontrou os dois integrantes que procurava, mas a Sally não gostou muito de um deles; amor platônico do passado.


Pude presenciar um dos ensaios com a banda completa e foi tão mágico quanto o Derick tinha dito que era.


A procura pelo nosso clube crescia cada vez mais. Eu adorava ajudá-los. Era sempre gratificante ver os bons resultados.


Derick estava sempre por perto durante os intervalos das aulas. Mas não tive nenhuma outra oportunidade de conversar a sós com ele, não sabia dizer se era ou não grata por isso.


Estávamos sempre nas conversas em grupo, que agora havia ganhado mais dois rapazes: Vinícius e Caio. Eu, a Mariana, o Jack e o Derick praticamente não falávamos em conversas assim.


A Mariana, o Luan e o Scott se reuniam quase todos os dias. Mariana sempre usava a desculpa que era pra falar com o Luan e que não deixaria de falar com ele por causa da presença do Scott, mas eu bem suspeitava de uma teoria diferente...


A Sally ficou chateada porque queria manter uma amizade com o Raffael, mas que ele parecia a evitar.


Sally discutia em sala de aula com o Bruno e fora dela com o Vinícius, todos os outros que não faziam parte da discussão agradeciam pelas boas risadas provocadas.


Era um sábado, dia quinze. Não tínhamos compromissos escolares nos finais de semana.


No dia anterior havia recebido uma ligação do meu pai. Ele disse estar com saudades e pediu que eu passasse o final de semana em casa. Eu o amava e também sentia saudades. Não gostava da ideia de também ver a Sandra, mas poderia suportar.


Estava arrumando uma mala quando a Sally se materializou dentro do meu quarto.
“Também está indo pra Primavera?”.


“Meu pai me chamou.”.
“Será que tem alguma mínima chance de você ficar lá em casa?”.
“Seria bom evitar a Sandra, mas tem o meu pai...”.


“E se eu te contar que indo você pode conhecer os seus sogrinhos? Sabe, os meus primos estão morando comigo...”, disse rindo.


“Primeiro: Pra ter sogros eu preciso de um namorado primeiro. Segundo: Eu já conheço os seus tios. Terceiro: Se a sua casa tá cheia, como vai ter lugar pra mim?”, claro que fiquei tentada em reencontrar os pais do Derick, fora que tudo isso deixaria o meu final de semana muito melhor.
“Vai morrer se dividir o quarto comigo?”, Sally e o sarcasmo.


“Hum... Então vou falar com o meu pai. Ele, provavelmente, estará ocupado a maior parte do tempo mesmo. Acho que um almoço ou um jantar, se for possível até um tarde com ele já será o suficiente. Também não quero atrapalhá-lo.”, teria que ficar trancada no quarto fugindo da Sandra quase o tempo todo.
“Ah, safadinha! Sabia que não ia resistir.”.


“A Mari também vai?”.
“Vai ficar com os pais. Eles tem essas coisas fofas de família, né. Mas o meu Taylorzinho querido vai.”.


“Vocês dois deviam se casar logo.”.
“Se às vezes já é estranho com o Ricardão, imagina com o Jack... Ai, ai! Você e a Mari acham que eu só sei fazer isso da vida, né?! Só pode ser...”, rimos.


Chamamos dois taxis e eu lamentei ficar distante do meu carro.
Chegamos ao início da tarde. Encontramos os dois tocando piano. Quando nos viram foi uma festa.


O Marcos era um gigante de tão alto, já a Rita tinha uma altura mediana. Os dois eram lindos, mais do que me lembrava.


Mal parecia uma relação de pais e filhos, era como se fossem todos irmãos... A saudade do meu pai apertou.


Os únicos adultos na casa cismaram de fazer o almoço, sendo que eram um desastre na cozinha, imaginei se a Sally não tinha herdado isso dos tios. A única receita que sabiam preparar era uma macarronada.


Estava deliciosa. O almoço foi uma bagunça. Todos falavam alto e se atropelavam ao contar as novidades. Aquela família era tudo o que a minha não era.


À tarde, todos nos reunimos na sala. Os pais do Derick se aproximaram de mim.
“Então você que é a namorada do nosso mais velho?”, eles se divertiam ao me verem encabulando. Fiquei contente por não terem falado alto; ninguém mais pareceu ouvir.


“Somos só colegas de escola...”, tentei esconder o meu constrangimento.


“Não foi o que a Lilly nos contou...”, a Sally me pagaria depois.


“Já tá bom, amor, vamos deixar a menina em paz agora, antes que ela deixe de nos querer como sogros.”, apesar das brincadeiras que me deixavam constrangida, tinha gostado deles.

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