domingo, 21 de dezembro de 2014

27- Desabafar

Tinha consciência dos braços da Raquel me envolvendo e até mesmo das mãos do André tirando os cabelos do meu rosto, provavelmente, sem saber onde as colocar. Ouvia o som de suas vozes, mas não o significado. Só queria que aquilo parasse. Eu queria pedir que parassem, mas não havia controle...

A minha casa!
Meus pés se apressaram e pude ouvir o som de outros tentando me alcançar inutilmente. Logo eu estava só, mas continuava correndo. Minha casa ficava quase no outro lado extremo da cidade, se tendo em vista a escola. Mas a minha casa e a Casa Secreta não ficavam tão distantes uma da outra assim.
Assim que cheguei me lembrei das minhas amigas. Seria bom se elas pudessem me fazer rir naquele momento...

Fiquei contente por ter guardado uma das chaves da casa entre as flores no canteiro. Tive o cuidado de manter as luzes desligadas. A casa era longe o suficiente de tudo para não despertar atenção, mas se minhas amigas me procurassem, queria ter certeza de que não encontrariam.
Deitei-me no meio da cama encolhida. Estranhamente notei que estava cansada quando o meu sono se fez maior que a minha dor.

Eu teria dormido mais, mas os gritos da Mariana me impediram. Pensei em continuar deitada mesmo assim... Logo ela cansaria e iria embora. E cheguei a acreditar que ela tinha ido quando se calou, mas logo em seguida a sua voz já estava no meu quarto. Pelo visto, ela tinha alguma cópia da minha chave.
“Min...”, a sua voz preocupada.

Ela sentou-se na beirada da cama e afagou os meus cabelos. Eu permaneci com os meus olhos fechados.
“Ah, Min, o que aconteceu? Quando não te encontramos em lugar nenhum ficamos tão preocupadas...”, ela queria explicação. Eu queria silêncio.
Ouvi seu suspiro, “Sei que não está dormindo. Você está horrível. Um banho com água gelada vai te fazer bem... Não adianta fazer manha que não vou te dar banho!”, quis me fazer rir. Abri meus olhos ainda os sentindo pesados.

“Poxa, Min... A Sally bem que podia está aqui agora... Ela que é boa em fazer rir.”.
“Quero ficar sozinha, Mari...”, não era totalmente verdade.
“Me conta o que aconteceu. Se o Derick tiver feito algum coisa com você...”, notei a ameaça em seu tom.
“Ele não fez nada, Mari. Eu que...”.

“Você o quê?”.
“Fiz tudo errado...”.
“Min...”.
“Ah, Mari! Eu estou apaixonada por ele e ele está apaixonado por outra.”, desabafei um tanto nervosa.


“Mas vocês vivem juntos... Ele vai esquecer a outra. Isso não é motivo pra você ficar assim e matar aula.”, ela nunca entendia.
Limitei-me a encará-la, sem humor.
“Você não quer me contar direito...”, Mariana disse resignada.
Achei melhor contar tudo o que guardei por aqueles meses, ou, pelo menos, quase tudo. Ela me ouviu sem me interromper.

“Por que não esperou ele terminar de falar? Talvez não fosse isso... E mesmo assim, não era pra te deixar desse jeito, Min...”.
Já estava mais calma.
“Ah, pode falar... Agi que nem a Sally.”, consegui sorri. Mas não tinha mesmo agido como eu mesma na noite anterior... Precipitada e sensível demais. Agora me envergonhava ao me lembrar da cena.

“Sim, você agiu que nem ela!”, soltou uma gargalhada, “Ele também não foi à aula... A Sally foi ver como ele tá...”, Mariana.
“Ah...”, foi o que consegui dizer.
“Ei, qualquer garoto teria muita sorte em ser seu namorado. Quem perde são eles, não você!”.

“Obrigada, Mari. Acho que agora é uma boa ideia o banho, mas nem em sonho tomo com água gelada!”.
“Agora sim é a Yasmin fresca que conheço!”.
Rimos.

Durante o banho pude pensar com mais calma. Tinha feito papel de boba e doida! Derick devia estar se culpando... Precisava falar com ele. Lembrei de suas últimas palavras. Talvez fosse melhor não falar, ele não queria... E Sally faria com que ele se sentisse melhor. Ficaria tudo bem... Esse pensamento soou forçado e falso, mas era no que eu podia me segurar.
Quando saí do banho senti um cheiro ótimo de comida e meu estômago se agitou.

“Tenho certeza que não comeu nada, mas não acostuma não!”, Mariana disse assim que me viu.
Apenas sorri e pude sentir que tudo ficaria mesmo bem... Eu tinha amigas maravilhosas.
Não demorou e o celular da Mariana tocou, não fiquei surpresa ao ouvir um daqueles toques horríveis que já vinham com o celular; era pedir muito que ela colocasse alguma música de verdade?

“Oi, doida! Ela tá bem aqui enchendo a pança...”, só podia ser a Sally. Mas ouve um bom tempo de silêncio e imaginei que a Sally estaria passando o relatório sobre o estado do Derick.
“Acho que a gente podia passar o dia por aqui. Aproveita e pega alguma roupa pra mim. Vê se não demora! É pra hoje isso! Sei, sei... Tá. Beijo!”.
Lancei um olhar cheio de curiosidade para Mariana.

“Era a nossa amiga doida. Ela está vindo, mas já viu que vai demorar, né?!”, ela olhou ao redor antes de continuar, “Esse lugar está horrível, Min! Não tem ninguém pra cuidar, não?”.
“Tem, mas esqueci de chamar por esses dias. Ela falou sobre ele, Mari?”.
“Ele está bem agora. Ela disse que só é difícil fazê-lo falar quando está assim... Que ele fica...”, ela riu com a ideia, “Ele fica parecendo um doido, mas é da família da Li, né?!”, e riu mais.

Eu fiquei preocupada.
Coloquei o filme ‘Crepúsculo’ no DVD e quase vimos o final do filme quando a Sally apareceu na porta da entrada da casa com o Derick ao lado.
Congelei no sofá.

3 comentários:

  1. Ai, Suh, vc me mata uma atuh atras da outraaaaaa!!! Senhor!!! Que lindo! Ele foi lá ele foi lá!!! Eu já não me importo mesmo que tenha sido para confirmar o que ela pensou (eu espero que não, mas...) Ele mostrou que tem sensibilidade, oh meu Deus, que lindooooooooooooo!!!! Suh! Ç.Ç Eu to amando demais essa parte da história, e espero que hoje tenha mais!!!!

    *---*

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  2. Ele é um fofo sensível, né, meninas!!! *--*

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